... Infelizmente este tipo de reacção é um lugar comum. E se pensarmos um pouco até é compreensível... Vive-se actualmente numa autêntica correria... ninguém tem tempo para conhecer a fundo nada nem ninguém. A consequência natural desta realidade é, inevitavelmente, que toda a gente funciona por referências (o filme do ano, a banda revelação, a moda de estar contra a moda,...). E se um determinado concerto com uma banda desconhecida não entra nesse campo das referências, então é perfeitamente natural que lhe não seja atribuído um real valor... e nesse caso, tudo o que fôr cobrado á porta é caro, sejam €5, seja €1. Uma das regras mais interessantes que o marketing me ensinou é que o valor real de um produto/serviço corresponde ao valor que os seus potenciais clientes lhe atribuem, ou seja, se os meus potenciais clientes tiverem muito interesse no meu produto, então este tem um valor de mercado bastante elevado ( aposto que um excelente livro em Inglês não terá grande valor para quem não conheça o idioma). Seguindo este raciocínio, podemos concluir que se um concerto de uma banda não tem aderência do público, então é porque esse público não valoriza o trabalho dessa banda... pelo menos não valoriza o suficiente para justificar investir o seu dinheiro ou mesmo o seu tempo. Na minha opinião, e por muito que isto possa causar controvérsia no meio artístico independente, uma banda (ou qualquer outro tipo de artista) independente só poderá almejar ter aderência de público aos seus espectáculos a partir do momento em que trate a sua arte como um produto que tem um público-alvo ao qual é fundamental chegar. Se esta afirmação chocar alguém, então aconselho vivamente esse alguém a dar-se ao trabalho de analizar toda a política de imagem e de comunicação das suas bandas/artistas favoritos. Facimente verá que o marketing está em todo lado... e as artes não são excepção ! Levar a sua arte a sério e valorizá-la tanto quanto possível é a única forma de um artista poder sobreviver num mundo onde o valor das coisas está na forma e não no conteúdo... Não adianta termos o melhor produto do mundo se a embalagem fôr tão fraca que ninguém sequer repara nela. A "embalagem", no caso de uma banda, é a capa de um cd, são as fotos que vêm a público, é o tipo de discurso que a banda tem numa entrevista... enfim, é tudo o que chega ao domínio público. Deixo um conselho: não se preocupem em actuar muitas vezes, preocupem-se antes em actuar com as condições necessárias para que a vossa imagem saia daí valorizada. Uma actuação sem condições só serve para diminuir o vosso valor perante o público... e isso é andar de cavalo para burro !!... Façam-me o favor de respeitar o vosso próprio trabalho... só assim poderemos vir a ter um real mercado independente onde as bandas não paguem para tocar.
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